sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Triângulo das Bermudas – Parte II - A Teoria da Declinação Magnética

Perguntas e hipóteses são passos cruciais e necessários no método científico. Isto pode parecer muito generalizado, mas os primeiros nove pontos do processo de perícias científicas realmente são apenas refinamentos do pensamento cotidiano, como Einstein gostava de dizer. Evidências levam a teorias e fatos inspiram a imaginação de cada um, pois sem eles não há nenhuma descoberta. Cada pergunta, cada hipótese é um passo a frente e a cada passo que aprendemos mais, andamos na direção errada por um tempo. Os desaparecimentos no Triângulo das Bermudas são fatos que levaram a muitas teorias e até mesmo à especulação selvagem. Em si nada é prejudicial, já que, tanto as teorias, quanto as especulações, nos fazem parar para refletir, pensar e até, eventualmente, para aceitar ou rejeitar tais posicionamentos. O escárnio das hipóteses é que é perigoso, pois esses estranhos desaparecimentos inspiraram muitas teorias, umas boas, outras ruins, algumas instigantes, outras nem tanto. Portanto, daqui a diante apresentarei as principais teorias que tentam dar luz a esse obscuro fenômeno. Nessa parte apresentarei a teoria da declinação magnética.


A declinação magnética (Fonte: apolo11)

Declinação magnética

Possivelmente a teoria menos provável. Quando a Guarda Costeira colocou seu nome nesta teoria, muito de sua credibilidade ficou neutralizada. Ninguém tinha ouvido falar sobre essa teoria até que a Guarda Costeira apontou, precipitadamente, essa teoria como a explicação mais palpável sobre o assunto do Triângulo das Bermudas. Segundo ela a maioria dos desaparecimentos podem ser atribuídos à área de características únicas do ambiente. Em primeiro lugar, o "Triângulo do Diabo " é um dos dois únicos lugares na Terra em que uma bússola magnética não aponta para o norte verdadeiro. Normalmente, ela aponta para o norte magnético. A diferença entre esses dois é conhecida como variação da bússola. A quantidade de alterações variam até 20 graus e, se essa variação da bússola não for compensada, um navegador poderá se encontrar longe do curso original e em apuros.


Indicação do Norte Verdadeiro e do Norte Magnético (Fonte: bermuda-triangle)

Esta, entretanto,  é uma afirmação muito enganadora, pois por um lado, a área de variação da bússola citada é um corredor muito estreito, equivalente a uma fração do triângulo global. Por outro lado, a teoria da declinação (variação) magnética também ignora o fato de que para se traçar um rumo, o navegador tem disponível, além da bússola, uma carta de navegação que apresenta a quantidade de variação magnética escrita para cada grau de longitude. Destarte, antes de um navegador poder traçar um curso ele teria que saber previamente a quantidade de variação magnética. Isso também tem vista para o grande número de desaparecimentos de pilotos e capitães, já que estes também já estavam familiarizados com essas variações locais. Além disso, a teoria da declinação magnética pressupõe também que o navegador era estúpido o suficiente para não compensar tais variações. No entanto, a compensação na navegação é uma segunda natureza em qualquer navegador.
Agora vamos nos aprofundar mais no conceito de variação da bússola. Tal variação não significa que a agulha da bússola está apontando para outro lugar. A bússola aponta sempre para o norte magnético. O problema disso é que o norte magnético não está no Pólo Norte, que é o ponto geográfico absoluto do norte do planeta, a 1.500 quilômetros de distância. No que diz respeito à bússola, o norte absoluto  é na direção da Ilha do Príncipe de Gales, nos territórios do Noroeste do Canadá.
O campo magnético da Terra pode ser comparado a um ímã de barra que atravessa a terra de norte a sul. Ambas as extremidades da barra seriam os pólos norte e sul magnéticos. A linha agônica (lugar onde os pontos de declinação magnética são nulos) seria  o eixo, logo, isso não representa qualquer problema para o navegador, não fosse o fato de que o norte magnético está situada a 1.500 quilômetros do Pólo Norte. Portanto, o norte geográfico sobre a terra não é onde a bússola aponta e oN’ da bússola não vai levar o navegador ao Pólo Norte, e sim à Ilha do Príncipe de Gales.


Linha agônica, indicada em vermelho (Fonte: bermuda-triangle)

Na área da linha agônica não há necessidade de ajustar-se a uma posição, porque o norte magnético e o norte verdadeiro coincidem. na ilha de Bimini, há uma variação de 2 graus oeste, o que significa que se um piloto quer ir até o oeste verdadeiro, ele não iria dirigir a 270º por sua bússola, mas a 272º. Parece infinitesimal, mas com um tempo de 2 graus pode-se causar um erro de dezenas de milhas fora do curso. Já em curtas distâncias, como entre a costa e as ilhas Bahamas, não importaria muito essa diferença.
 Para compensar tais disparidades, o navegador deve saber o número de graus de diferença entre o Norte magnético e o norte verdadeiro em sua longitude. Isso muda de acordo com sua longitude em torno da Terra. Por exemplo, no Arquipélago dos Açores, há uma diferença de 20 graus entre o norte verdadeiro e o norte magnético. Ao largo da costa leste da Flórida, não há nenhuma, já que a bússola está apontando ainda para o norte magnético. Por essa razão um navegador sempre deve ajustar sua posição para manter um curso de verdade. . . exceto na linha agônica. Por esse corredor estreito, sempre há alguma forma de compensação do navegador para atravessá-lo. Por exemplo, nos Açores, se um navegador queria ir direto ao norte, ele não poderia seguir o N em sua bússola. Se ele fez, ele iria acabar no Canadá e não na Groenlândia devido à diferença de graus entre os nortes. Isso é o que a variação da bússola significa: o valor da diferença entre o Pólo Norte e o Pólo Norte Magnético em um determinado local. O resultado é um simples ajuste de navegação para permanecer no curso.


Demonstração da variação magnética (Fonte: nautica)

A quantidade de variação vai diminuindo à medida que se viaja mais a oeste, até alcançar a linha agônica. Logo depois a quantidade de variação volta a aumentar quando se aproxima mais do oriente do norte verdadeiro.
pouca razão para acreditar que isso tenha contribuído para qualquer perda de embarcações ou aeronaves, pois uma falha na compensação da quantidade de variação magnética poderia fazer um piloto se perder em qualquer parte do mundo e não somente na região do Triângulo das Bermudas. Um grau fora da rota, ao longo do tempo, resulta em muitas milhas em erro, fazendo com que o piloto perca o seu destino.
Um outro fator que contribui para esta dedução é que a linha agônica se move com as mudanças de pólo magnético, devido a muitos fatores na rotação da Terra. Com o tempo a linha agônica pode estar a quilômetros de onde estava. Na verdade, a cada 2 meses mais ou menos um vôo está lotado e enviado para encontrar o pólo magnético. O resultado é que a linha agônica não é, no Triângulo mais, e sim no Golfo do México, ou seja, seria mais ou menos como se a declinação magnética que existia no Triângulo das Bermudas já tivesse se deslocado para outro lugar.
Os mapas acima mostram a linha agônica, onde estava quando a Guarda Costeira manifestou a hipótese da declinação magnética, a  pouco mais de 30 anos atrás. Tal hipótese já não era uma explicação satisfatória antes. É coisa do passado ainda mais agora que, atualmente, os desaparecimentos ainda continuam a ocorrer nos mesmos lugares de antes, mesmo com o fato da linha se encontrar do outro lado da Flórida.
 Na próxima parte desse artigo apresentarei a teoria do Vortex Kinesis, aguardem...



            O Triângulo das Bermudas - Parte I

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