sexta-feira, 15 de abril de 2011

Por que a gente nunca vê filhotes de Pombos?

Uma vez minha mãe me pediu para que lhe fizesse uma redação de tema livre para ela entregar para o professor, na época em que ainda fazia supletivo. Pensei de início: “quem tem que fazer isso é ela, se não ela não vai aprender”, mas depois conclui: “e quem disse que alguém aprende num supletivo tudo o que um aluno aprenderia num curso regular de nível médio?”. Diante disso, fiz essa redação e o tema era ‘filhotes de pombos e enterros de anões’. O que uma coisa tem a ver com outra? Nada na verdade, a não ser a dúvida de muitos por nunca ter presenciado um enterro de anão (muitos até dizem que anão não morre, vira enfeite de jardim) e tão pouco um filhote de pombo. Quem já viu de perto um filhote de pombo? Eu mesmo nunca, a impressão que tenho é que os pombos já surgem adultos, já que nem pombo novinho a gente vê por aí.


(Fonte: osuprahomem)

Essas aves estão espalhadas por toda parte, principalmente nos grandes centros, ruas e praças das grandes cidades do mundo, procurando por comida, bisbilhotando o dia a dia das pessoas e sujando a cabeça dos mais distraídos. Diante da grande massa de aves dessa espécie que existem ao redor do planeta, por que é tão difícil ver um filhote de pombo?


Um pombo adulto com seu filhote (Fonte: virginmedia)

Quem responde a essa pergunta é o biólogo Oriel Nogali, do Setor de Aves da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, que explica que os filhotes colombinos só saem de seus ninhos quando já possuem uma plumagem semelhante a dos adultos. Por terem um metabolismo rápido, essas aves costumam ingerir uma quantidade de alimentos proporcional ao peso do seu corpo, conseqüentemente, os filhotes dessa espécie se desenvolvem muito rapidamente e crescem em pouco tempo. "Os pais levam alimento aos filhotes até que os mesmos possam começar a voar e procurar alimento. Mas quando abandonam o ninho, eles já possuem o mesmo tamanho dos adultos", disse Nogali.


(Fonte: photo.merinews)

O biólogo ainda afirmou que as fêmeas se reproduzem com bastante facilidade, botando em média 5 ovos por ninhada e, esta, por sua vez, fica aproximadamente dois meses junto dos pais. Nessa equação a quantidade de filhotes é proporcional à quantidade de alimentos disponíveis para os pombos em um determinado ambiente.
A espécie que convive conosco, a mais comum, é cientificamente conhecida como columba lívia e é originária da Eurásia e África e foi introduzida no Brasil no início da colonização portuguesa. Há registros de sua existência que datam de mais de 4.500 a.C., em particular em representações de sua imagem encontradas na Mesopotâmia.
(Fonte: michaelmurray)
A columba livia costuma construir seus ninhos em estruturas montadas pelo homem, como telhados de casas, edifícios, obras e galpões, o que difere da espécie brasileira que normalmente se estabelece em galhos de árvores. É incrível como essa  espécie conseguiu tamanha adaptação ao convívio com o ser humano fazendo com que muitos acreditem que esses pássaros sobrevivem a qualquer tipo de adversidade no meio urbano enquanto, em outras espécies, a tendência é desaparecer aos poucos.


(Fonte: pigeonwriter)

Os pombos são considerados atualmente um problema ambiental já que eles competem por alimento com espécies nativas, danificam monumentos com suas fezes e podem transmitir doenças aos seres humanos, pois são hospedeiros de alguns tipos de parasitas em suas plumagens. Atualmente foram catalogadas cerca de 57 doenças transmitidas pelos pombos, tais como: histoplasmose, salmonela e criptococose. Há um mito comum entre as pessoas não especializadas e até mesmo entre alguns profissionais da saúde de que eles podem transmitir toxoplasmose, mas a única maneira disso ocorrer seria através de uma hipótese remotíssima: se uma pessoa comesse a carne crua de uma ave que estivesse infectada com o Toxoplasma gondii. Portanto, o pombo não transmite toxoplasmose para seres humanos, somente para os animais que eventualmente se alimentem de aves cruas. Por essa razão, o pombo ainda é conhecido como 'rato de asas', além de ser taxado como um animal não higiênico. As formas de transmissão de doenças mais comuns são o contato direto com o animal (ao colocar as mãos na pomba) ou em suas fezes, a ingestão da carne ou pela inalação do pó originado dos dejetos secos ou das penas. Por isso que a tendência é incentivar as pessoas a não alimentarem pombos, através de campanhas que tem por objetivo a redução da população desse pássaro o qual tem por característica a reprodução desenfreada.


(Fonte: inkycircus)

Então agora sabemos que os filhotes de pombo realmente existem, e em grande quantidade, mas estão escondidinhos esperando o momento certo de sair, praticamente já na fase adulta. Tal fato descarta a conclusão que fiz para a redação da minha mãe. Ela fechava dizendo o seguinte: anões não morrem e viram enfeites de jardim, nem os pombos já nascem adultos, o que acontece é que os anões, depois de um tempo, viram instantaneamente pombos adultos e saem voando por aí felizes e 'defecantes'.


(Fonte: wildish)


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