segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A Dália Negra – Parte II – A autópsia e o papel da mídia na investigação do caso

O corpo de Elizabeth Short foi encontrado no Parque Leimert, distrito de Los Angeles, em 15 de janeiro de 1947. Seus restos mortais foram deixados em um terreno baldio do lado oeste da Avenida Norton Sul, a meio caminho entre o Coliseum Street e  a West 39th Street. O corpo foi descoberto por Betty Bersinger, uma residente local que estava andando com sua filha de três anos de idade. Short estava severamente mutilada, seu corpo foi encontrado nu e cortado na altura da cintura, totalmente sem sangue. O corpo tinha sido lavado e limpo e ela tinha sido colocada com as mãos sobre a cabeça e os cotovelos dobrados em ângulo reto. Seu rosto foi cortado a partir dos cantos de sua boca em direção a suas orelhas, o que ficou conhecido como sorriso Glasgow.


Corpo de Short, encontrado num terreno baldio e confundido com uma boneca quebrada (Fonte: issoebizarro)

Um sorriso Glasgow (também conhecido como sorriso Anna e sorriso Chelsea) refere-se a uma ferida que resulta de um corte no rosto que parte do canto da boca até a orelha. Esse corte normalmente é feito com uma faca ou um pedaço de vidro quebrado, deixando uma cicatriz que faz com que a vítima pareça estar sorrindo. Às vezes, o atacante procura esfaquear ou dar um pontapé na vítima após o corte para fazê-la gritar, de modo que a ferida se abra mais ainda. Se o corte for profundo, a vítima pode sangrar até a morte. A prática parece ter sido originada em Glasgow, na Escócia, mas também se tornou popular com as gangues de rua inglesas como uma tática de intimidação (especialmente em Chelsea, Londres, onde é conhecido como ‘sorriso Chelsea’).


Sorriso Glasgow (Fonte: clearingsigner)

A autópsia e o papel da mídia na investigação do caso
A autópsia indicou que Short tinha 1,65m de altura e 52kg, tinha olhos azuis, cabelos castanhos, e os dentes mal cariados. Havia marcas em seus tornozelos e pulsos, feitas por uma corda, sugerindo que ela pudesse estar presa de pernas abertas ou de cabeça para baixo Não havia evidência de que ela tinha sido forçada a comer fezes. Embora o crânio não tenha sido fraturado, Short tinha hematomas na face frontal e direita do seu couro cabeludo com uma pequena quantidade de sangramento no espaço subaracnóideo, no lado direito, consistentes como golpes na cabeça. A causa da morte foi a perda de sangue das lacerações no rosto combinadas com choque, devido a uma concussão cerebral.


(Fonte: issoebizarro)

Em 23 de janeiro de 1947, o assassino ligou para o editor do Los Angeles Examiner expressando a preocupação de que a notícia do assassinato estivesse seguindo fora dos veículos de comunicações e ofereceu ao editor, pelo correio, itens que pertenciam a short. No dia seguinte, um pacote chegou ao jornal de Los Angeles contendo certidão de nascimento de Short, além de cartões de visita,fotografias, nomes escritos em pedaços de papel e um livro de endereços com o nome de Mark Hansen em relevo na capa., que foi a última pessoa conhecida a ter visto Short viva (em 9 de janeiro), se tornando assim o principal suspeito da morte dela.


(Fonte: issoebizarro)

O assassino viria a escrever mais cartas ao jornal, chamando a si mesmo "o Vingador da Dália Negra". Em 25 de janeiro, a bolsa de Short e um sapato foram encontrados em uma lata de lixo a uma curta distância de  Norton Avenue. Devido à notoriedade do caso, mais de 50 homens e mulheres tinha confessado a autoria do assassinato e a polícia estava inundada com dicas irrelevantes, cada vez que um jornal citava o caso ou um livro ou filme sobre ele era liberado. O Sargento John, um detetive que trabalhou no caso até sua aposentadoria, declarou: "É incrível como muitas pessoas ofereceram até um parente como o assassino."


Uma das cartas escritas pelo assassino (Fonte: manasir53)

Gerry Ramlow, um repórter do Los Angeles Daily News, também declarou mais tarde: "Se o crime nunca foi resolvido foi por culpa dos repórteres... Eles botaram tudo a perder, atropelando evidências e ocultando informações". Demorou vários dias para a polícia assumir o controle total da investigação. Até então era os repórteres que passavam o tempo vagando livremente pelos escritórios do departamento de polícia, sentavam em mesas de oficiais e respondiam seus telefonemas. Muitas dicas do público não foram passadas diretamente ​​para a polícia e acabaram caindo na mão de repórteres que decidiam conduzir a investigação por conta própria.
William Randolph Hearst, do Los Angeles Herald-Express e do Los Angeles Examiner, foi um dos responsáveis por sensacionalizar o caso, usando as características de Short – cabelos negros, olhos azuis e o costume de usar sempre preto – e o terno preto sob medida de Short, o qual ela vestiu na última vez em que foi vista viva, para criar o mito da Dália Negra, uma aventureira que rondava o Hollywood Boulevard. Com o tempo, a cobertura da mídia tornou-se mais especulativa, com as alegações ultrajantes do estilo de vida de Short, feitas a partir do material que pertencia à vítima, enquanto aqueles que a conheciam realmente informavam que ela não fumava, bebia ou mantinha um estilo de vida desregrado.


(Fonte: issoebizarro)

Short foi enterrada no Mountain View Cemetery, em Oakland, Califórnia . Posteriormente, suas irmãs vieram a crescer e se casar, e a sua mãe decidiu se mudar para Oakland para estar próxima do túmulo de sua filha. Phoebe Short finalmente voltou para a Costa Leste em 1970 e viveu até seus 90 anos.
 Na próxima parte falarei dos rumores e dos equívocos populares sobre o caso e sobre as principais teorias que tentam explicar como se sucedeu esse assassinato e quem seria o suspeito.


            A Dália Negra – Parte I – O passado de Elizabeth Short


            A Dália Negra – Parte III – Rumores, Suspeitos e Teorias sobre o assassinato de Short


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