sexta-feira, 29 de julho de 2011

A morte de animais em nome da arte

Há cerca de 10 anos atrás surgiam as primeiras correntes de e-mails sobre o tenebroso caso dos gatos bonsai. Nesses e-mails anunciava-se num site a venda de gatos em miniatura dentro de garrafas transparentes. E pra tornar as coisas ainda mais bizarras, o site te ensinava a fazer o seu próprio gato bonsai:

Um cãozinho morto e transformado em um boneco (Fonte: orkut)

“Coloca-se gatos bebês em garrafas de vidro, enfia-se uma sonda em seu ânus, que sai por uma abertura na garrafa para desfazer-se da urina e fezes. Para que os gatos tomem a forma da garrafa, os alimentam com químicos para amolecer-lhes os ossos, aí os mantém pelo tempo que o gato aguentar sobreviver à tortura. Não pode mover-se, nem andar, nem limpar-se. À medida que vai crescendo ele vai tomando a forma do recipiente em que foi inserido”.
A idéia absurda parece ter pegado muita gente desprevenida e essa se tornou uma das principais correntes da época e ainda, segundo a Folha On-Line, em pesquisa realizada pela empresa Sophos, esse boato ficou em segundo lugar na lista de correntes falsas que mais circularam pela Web no mês de Outubro de 2003. Entretanto, esse assunto sempre volta com força total de tempos em tempos, até porque o site onde a farsa foi criada ainda existe até hoje.
Infelizmente nem tudo é de mentira nessa vida. Alguns anos depois surgiria um outro site polêmico que apostava na manipulação bizarra de animais para chamar a atenção.

(Fonte: orkut)


Uma holandesa chamada Katinka Simonse, também conhecida como Tinkebell, lançou na Internet um manual de como transformar seu gatinho de estimação numa bolsa! Segundo ela, seus gatos eram mortos e convertidos em bolsas porque ela amava a moda. 

Tinkebell (Fonte: orkut)


 O manual explicava o passo a passo, desde o abate do bichano até a transformação do mesmo numa bolsa. O macabro site gerou a revolta de milhares de pessoas que a acusavam de abuso e maltrato a animais. Uma petição foi criada em uma comunidade do orkut para tirar esse manual do ar. E, ao que parece, o link do site acabou ficando inativo mesmo. O que não quer dizer que Tinkebell desistiu de fazer arte usando animais de sua propriedade.

Roedores em bolas (Fonte: blondebynature)


Ela atualmente é proprietária de 60 hamsters em bolas e porquinhos da Guiné manipulados por controle remoto. Ela também costuma colocar pintinhos em trituradores de papel e escrever números sobre os caramujos em seu jardim para manter a contagem deles.
Há um tempo atrás houve investigações sobre o comportamento dela. Ela alegava que seus animais não eram mortos para a criação de suas obras de arte.  A Organização de Proteção Animal Holandesa, por sua vez, era consciente da situação e considerava uma falta de respeito para com os animais a morte dos mesmos pela arte, como justificava Katinka.

(Fonte: orkut)


(Fonte: eucom-isso)


Em conversa com a moça a organização acabou concluindo que o objetivo dela não era causar sofrimento aos animais, e sim fazer uma declaração chocante, trazendo o mesmo impacto que a morte de animais para a confecção de casacos de pele e sapatos traria. A Organização de Proteção Animal Holandesa acredita que os animais mortos devem ser respeitados, assim como o uso destes em obras de arte também deve ser respeitoso: “Animais mortos podem ser usados na arte, desde que a situação retratada seja característica ao animal”, dizem. Logo, a gente conclui que a Tinkebell quebrou uma lei, mas nada foi feito a respeito.
O boneco é reversível. De um lado, apresenta-se na forma de um cachorro e do outro, ao ser manuseado e virado do avesso, acaba por revelar um gato (Fonte: orkut)

(Fonte: orkut)


Katinka Simonse se considera uma "designer de discussões". Ela pesquisa as questões contemporâneas e os movimentos populistas, incluindo o ativismo dos direitos dos animais, e suas estratégias. Hipocrisias e discursos dentro destes movimentos são os pontos principais do foco de seu trabalho.

(Fonte: orkut)

(Fonte: orkut)


Segundo Tinkebell seu foco é o uso do grotesco para chamar a atenção para a verdade do nosso comportamento. Ela indaga: “Qual é a diferença se uma cobra está sendo morta para a confecção de botas de couro, ou se uma vaca está sendo morta, eviscerada e depois comida, ou ainda se pintos machos, que iam ser mortos de qualquer maneira em uma casa de abate por meio de gaseamento ou outro método, são simplesmente submetidos a um triturador? Qual a diferença de você dar ao seu filho um coelho de estimação ou simplesmente dar-lhe um verdadeiro coelho, morto de pelúcia? Qual é a razão de se conseguir um hamster se você só vai interagir com ele através de uma bola de plástico ou gaiola? Para mim os animais são objetos”.

(Fonte: orkut)


Tinkebell concluiu que suas ações não são piores do que a de abatedouros de carne, de laboratórios de pesquisa, de fábricas de criação de pets (que são comprados e vendidos por PetSmarts) ou do que seres humanos que reproduzem animais em gaiolas para venda. Tudo bem que suas comparações são mesmo equivalentes às suas ações, entretanto, não é porque vemos algumas pessoas andando tortas que vamos nos entortar também. Se você usa o maltrato contra animais como artifício para fazer maldade aos mesmos, então você poderia usar a mesma lógica para maltratar um ser humano, já que é uma coisa que também acontece em nossa realidade. Se começarmos a enxergar atitudes como essa como se fosse uma coisa normal, vai chegar um ponto onde histórias como a do filme “O Albergue”, onde ricaços pagam para torturar pessoas, vai se tornar uma coisa banal na cultura humana.


(Fonte: orkut)


Ela matou seu próprio gato e o converteu em bolsa, porque segundo ela "adora moda" (Fonte: orkut)

E o que dizer sobre o fato dessa moça utilizar a arte como desculpa para satisfazer o seu egocentrismo masoquista? Sabemos que a arte é uma forma de expressão que atinge o espectador das formas mais inusitadas possíveis. Algumas obras causam admiração, outras causam repúdio, tudo depende do objetivo do artista. Mas será que no campo da arte tudo é mesmo possível. Não há limites para o bom senso? Há um tempo atrás uma artista plástica norte-americana gerou polêmica ao engravidar repetidas vezes para abortar logo em seguida e usar isso como forma de expressão de arte. Qual o propósito disso, já que mais parece uma forma desesperada de chamar atenção da mídia para si?


(Fonte: eucom-isso)

(Fonte: orkut)

As ONGs que criticaram a obra de Tinkebell ganharam o reforço de um partido político que condena a obra, intitulada “Popple”, e a chama de "arte extrema". A parlamentar Esther Ouwehand criticou a exposição: "É repugnante! ultrapassa o limite do aceitável".Mas para a ‘patricinha’, esse será apenas um protesto contra o modo que os animais são tratados e contra a obsessão de criar seres perfeitos através de manipulação genética, acredite se quiser.




1 comentários:

Unknown disse...

pra mim isso e coisa de louco ,ela merece passar por tudo isso e muito mais que fez há esses pobres animais .

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