terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um Popeye da vida real

Um certo sujeito conhecido como Frank Rocky Feigle vivia em Chester Illinois e tinha algumas características peculiares: era baixinho, andava com um dos olhos meio fechados, fumava um cachimbo e gostava de inventar histórias onde ele protagonizava diversas aventuras, se gabando sempre de sua força física e de não ter perco nenhuma de suas brigas. Trabalhava num bar local fazendo sua limpeza e nos tempos livres se dedicava a contar causos de suas proezas aos visitantes. Um desses visitantes, fascinado por suas histórias, era um jovem garotinho que atendia pelo nome de Elzie Crisler Segar e viria mais tarde a se tornar um cartunista mundialmente famoso pela criação de um certo marinheiro Popeye em 1929.


Popeye (Foto: seriesedesenhos)

O carismático marinheiro estava sempre tentando proteger sua amada Olívia Palito das mãos do grandalhão Brutus e apesar de ser baixinho e magrelo, tinha braços grossos e era muito forte e, ao comer espinafre, sua força aumentava exponencialmente.
Na vida real um jovem competidor de torneios de queda de braço ficou conhecido como o “Popeye da vida real” por manter uma característica semelhante a do personagem: braços grandes e desproporcionais em relação ao corpo. Na verdade apenas o braço direito é grande, o outro é normal, o que o torna bem mais incomum.

Mathias Schlitte (Foto: dosediaria)
Mathias Schlitte nasceu em 1987, em Haldensleben, Alemanha, e desde pequeno apresentou um braço bem mais robusto que o outro, proveniente de algum distúrbio genético. Ao invés de ficar se queixando de não ter nascido como os outros jovens sem problema algum, ele resolveu usar o seu diferencial a favor de si. Aos 16 anos de idade começou a praticar queda de braço, e desde então passou a desenvolver apenas os músculos do braço maior, com o objetivo de se profissionalizar nessa modalidade de esporte. Em 2004, devido à falta de experiência, entrou na categoria amadora de queda de braço, numa turma onde o peso dos competidores, em média, era de 95kg, apesar de Mathias pesar na época apenas 65kg.


Suas habilidades despertaram o interesse de Bill Frank, vice-campeão mundial de queda de braço, que decidiu treinar o jovem para que ele pudesse competir profissionalmente. Mathias passou então a integrar o VfL Wolfsburg, do qual Frank era técnico assistente. Após um ano de treino o jovem ‘Popeye’ participaria do campeonato alemão de queda de braço em Hanau, onde, já com 70kg, adquiriu seu primeiro título e já poderia dar um passo à frente, que seria integrar o time alemão de queda de braço.


Schlitte em torneio de queda de braço (Foto: ourkitchensink)

Quando completou 18 anos, Mathias passou a integrar a classe Sênior e expandiu seus horizontes já podendo vislumbrar competições a nível mundial. Em 2006 venceu seu primeiro torneio internacional, porém não se deu bem no primeiro campeonato mundial de queda de braço, onde participaram cerca de 1000 atletas de 40 países diferentes, e não chegou às finais da competição.
Atualmente integra a ‘Liga Nacional de Queda de Braço’ e treina diariamente para um dia chegar ao pódio como o número 1 no esporte.

Schlitte em programa de TV (Foto: yousaytoo)
É interessante notar que nesse tipo de esporte não é incomum os atletas desenvolverem apenas o braço que usarão em competições, tendo visualmente uma aparência desproporcional. Mathias apenas união o útil ao agradável e transformou um defeito na oportunidade de ser reconhecido mundialmente, vencendo todas as barreiras impostas pela sociedade.

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