segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A imortalidade humana – parte 1 – Um sonho cada vez mais real

Um homem nasce, se reproduz e morre, terminando assim o seu ciclo de vida. Muitos, entretanto, continuam tentando burlar as leis da natureza e quebrar a ordem natural da vida. No antigo Egito, a mumificação era feita para preservar o corpo do indivíduo pois ele precisava do mesmo para que a alma fosse recebida de forma adequada após a morte. Já no século 19 na França, alguns acreditavam que injeções de testículos de animais poderiam ajudar a retardar o processo de envelhecimento no corpo. Atualmente, com o avanço da tecnologia e do estudo do genoma, estudiosos no assunto continuam buscando novas alternativas para o retardamento da velhice e a possibilidade de um homem alcançar a vida eterna.


(Fonte: lidia4all)


É bom deixar claro que há uma diferença básica entre viver eternamente e ser imortal. Uma pessoa com vida eterna seria aquela que teve o seu processo de envelhecimento retardado completamente através de um processo constante de renovação celular. Já uma pessoa imortal seria aquela que além de não morrer por velhice também não morreria por qualquer outra forma de causa externa como acidentes ou atentados, logo alguém que não envelhece pode morrer num acidente e deixar de viver eternamente, teoricamente analisando.


cartoon sobre o ciclo da vida humana (Fonte: blogdoarsa)

Ao longo de nossas vidas nosso corpo vai se deteriorando lentamente: nosso cabelo vai pedendo os melanócitos que dão cor ao cabelo, deixando nossa cabeça alva como a neve (quando sobram cabelos pra isso.. hehe); nossa pele vai perdendo o colágeno, acumulando rugas e mais rugas; nossos ossos vão perdendo a cartilagem e vamos perdendo nossa resistência, acumulando dores nas juntas e ficando mais frágeis. As células e os órgãos vão deixando de cumprir aos poucos funções essenciais para a nossa saúde. Ficamos sem imunidade e prontos para sermos bombardeados por uma série de doenças. O corpo entra em pane... morremos. O processo de envelhecimento é algo extremamente complexo de se entender e não é à toa que até hoje ainda não existe um método eficaz para combatê-lo.


(Fonte: relogiosdeareia)

Atualmente os cientistas seguem duas linhas de pesquisa: os remédios que fortalecem nossas defesas naturais contra a morte e as inovações tecnológicas que substituiriam aos poucos os sistemas naturais do corpo, por sistemas artificiais robóticos que não padecem de doenças e outros tipos de deterioração de um órgão comum.
Em 2009, três pesquisadores norte-americanos foram premiados com o Nobel de Medicina e mais US$ 466 mil, por terem decifrado o quê causa o envelhecimento das células. Segundo eles, os telômeros, que são fragmentos existentes na ponta dos cromossomos, funcionam como tampas protetoras dos mesmos. Com a divisão celular essa tampa vai diminuindo de tamanho e a célula, por sua vez, começa a se deteriorar. Assim, esse repetido processo de divisão celular faz com que elas envelheçam e, conseqüentemente, faz com que o indivíduo envelheça também. A grande descoberta então foi o fato de, nas células cancerígenas, os telômeros não diminuírem de tamanho com o tempo, pois uma enzima conhecida como telomerase é capaz de reconstruir os telômeros sempre que necessário, fazendo assim com que as células cancerígenas não se deteriorem. Em células normais a telomerase age de uma forma bem menos intensa, já nas do câncer, ela trabalha intensamente fazendo com elas sejam tão poderosas a ponto da medicina ainda não descobrir um método definitivo para combatê-las. O grande desafio então seria fazer com que a telomerase agisse nas células normais da mesma forma com que age nas células cancerígenas, deixando nossas células saudáveis extremamente resistentes e retardando a velhice.


Cadeia química que representa o resveratrol (Fonte: resveratrolaustralia)

Apesar de ser um grande passo para a vida eterna, a descoberta da telomerase poderia retardar apenas um dos processos de envelhecimento, pois, como já foi citado inicialmente, a velhice é um processo bastante complexo e o seu retardo por completo necessitaria de um sistema de combate que aniquilasse todas as possibilidades existentes. Daí surgem outras propostas de combate à velhice e um exemplo disso seria o do geneticista britânico Aubrey de Grey, da Universidade de Cambridge, que sugeriu a injeção periódica de células-tronco para substituir as células mortas e as danificadas pelo processo natural de divisão celular. Dessa forma as doenças poderiam ser extirpadas do corpo pois as células-tronco seria responsáveis pela freqüente renovação dos tecidos e dos órgãos do corpo humano. Outro exemplo seria o uso de uma pílula chamada de Resveratrol, originária das uvas e que mostrou uma certa eficiência no combate à velhice. O cientista russo Mikhail Shchepinov sugere ainda a ingestão de alimentos enriquecidos quimicamente com moléculas resistentes aos radicais livres que já estiverem presentes em nosso corpo. Como já se sabe, os radicais livres são um dos principais fatores de desenvolvimento de doenças no corpo de um indivíduo.


Coração artificial (Fonte: meusemeios2)

Do ponto de vista tecnológico já se estuda a possibilidade de produção de órgãos artificiais em larga escala no futuro. O assunto é tão seriamente considerado, que já foram criadas bexigas artificiais, cartilagem e veias que podem substituir as respectivas partes do corpo humano danificadas. Outra possibilidade interessante é a nanotecnologia: na Universidade de Rice, nos EUA, já foram criadas estruturas microscópicas capazes de percorrer a corrente sanguínea e levar remédio até as células cancerígenas, sem afetar as sadias. Num futuro não muito distante acredita-se que um exército desses micro-robôs seria utilizado para fazer a restauração freqüente do corpo e livrá-los de bactérias, vírus e outros agentes prejudiciais ao organismo.


Nanorobô circulando na corrente sanguínea (Fonte: inovacaotecnologica)

Dessa forma, aquela idéia de ser imortal (no sentido de extinguir a velhice) passará do objetivo para a realidade e um ser humano poderá viver por diversas gerações. Mas se isso vier mesmo a acontecer, o que podemos esperar do futuro da humanidade, levando em conta aspectos sociológicos e éticos? Falarei disso na segunda parte desse artigo, aguardem.


            A imortalidade humana – parte 2 - A sociedade dos imortais


            A imortalidade humana – parte 3 – Os imortais do mundo animal e vegetal


            A imortalidade humana – parte 4 – Um certo Benjamin Button do mundo animal


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